Soneto às avessas ( G ⊃ T, T ⊂ G)

Gosto do teu invólucro protetor

Que me cuida, que me abraça

Em suave membrana de amor

Gosto do abraço que me aquece, 

e me faz cheia de graça, 

A cada dia, viver uma prece.

Teu cuidado é doce redoma, 

Que me faz livre na alma. 

E em meio à paixão que me toma, 

Em teu corpo, descanso em calma.

Nada temo, pois tenho o teu olhar, 

Sempre posto em meu caminho, 

A me proteger e a me guardar... 

Em teus braços, fiz meu ninho.

           ..............Tixa, 28/08/2012

‎---- “ RECORDAR É VIVER “ ----

Hoje conto este fato com graça, mas à época eram as noites mais pavorosas da minha vida.
Devia eu ter meus oito ou nove anos, e, como era a única menina nas redondezas, brincava com os meninos, jogava bola, ia nadar com eles, brincava de 'polícia-e-ladrão' de bicicleta (era polícia!).
Foi uma infância maravilhosa, na minha linda Praia da Costa, onde nasci e cresci... Minha casa era a única no quarteirão, o resto era mato onde acampávamos com barracas feitas de galhos e lençóis, eu e o meu querido mano Tó, que é um ano mais velho que eu. Íamos para a barraca com suco de laranja ou abacaxi e uma caixa de gibis do Walt Disney, e lá passávamos a tarde inteira... à hora dos mosquitos, desfazíamos as barracas e voltávamos para casa.
Nadar era maravilhoso, tínhamos uma praia limpa e com ondas altas, onde pegávamos 'jacaré' e nos embolávamos na areia com os cabelos desgrenhados, barrigas arranhadas e sorrisos contentes de vencedores: -"viu a onda que eu peguei?" - "muito legal!!!" Às vezes, tomávamos 'caldos', engolíamos água, mas sempre saíamos felizes. E voltávamos para casa cansados e vitoriosos.
O problema acontecia à noite...
Sob as normas rígidas da mamã madeirense filha de militar, às nove horas tínhamos que estar na cama de luzes apagadas. E eu dormia, sonhando com o dia seguinte, os folguedos, a praia, as bicicletas.
Mas no meio da noite, eles apareciam... Era sempre o mesmo recorrente pesadelo. Nele, estávamos todos na praia, e de repente começavam a surgir homens de capuzes pretos e longas túnicas pretas, vindos de dentro do mar para nos perseguir. Eram muitos, bem mais que nós... e os meninos, bem, os meninos ainda eram meninos, e também tinham medo, e nós fugíamos... Corríamos a não mais poder, mas na fuga, uma coisa estranha acontecia... A rua esticava, e as casas ficavam cada vez mais longe, quase não conseguíamos chegar a elas... Como não conseguia chegar à minha casa, entrava na primeira que alcançava, que era a da Tia Maria José, e corria até os fundos, entrava pela cozinha e ia me esconder dentro do banheiro. Nessa hora era salve-se quem puder, eu nem via onde os meninos tinham ido se esconder. E assim que eu entrava no banheiro da Tia Maria José, trancava a porta para respirar aliviada, salva!!!!
Qual!!!!!
Os ditos cujos esgueiravam-se por debaixo da porta, pela fresta da janela, pela fechadura do banheiro, pelo ralo do chão, pelos furinhos do chuveiro, pela torneira e até pelo ralo da pia... eu ia vendo, espremida num canto, aos gritos, aqueles pontinhos pretos irem crescendo e tomando a forma terrível daqueles monstros, enegrecendo todo o banheiro até que eu nada mais via, e acordava assustada.
Nunca consegui escapar deles, e, tonta, ia sempre me esconder no mesmo lugar! Nem para mudar de esconderijo no pesadelo seguinte!!!
Mas também não dei a eles o gostinho de me pegarem... Acordava antes!

                                                    ........................Tixa, 29/08/2012
(Na foto, minha casa, meu paraíso, na década de setenta...)

Bouquet de Sorrisos

Um lindo cenário de aconchego e calor,

É o que desejo pra tua noite enfeitar,

Pontilhar com luminárias de luz e de cor

Um jardim benfazejo sob a paz do luar 

E nesse idílico canto de encantos secreto,

Despojados de pressa, tensão, compromissos,

Quero em teus beijos derramar meu afeto,

Quero em teus sonhos plantar mil sorrisos. 

Impregnar a noite de celebrar nosso encontro

Em clima de novo amor que de verde se veste.

Com cheiro de descoberta, aspergir teu calor. 

Este sonho almejado, de esperanças pronto,

Bordado de belo na paz que me deste,

É paixão com tempero e perfume de flor.

                                 .................Tixa, 22/08/2012

No despertar do dia (## Escrito a 4 mãos ##)

Olho os jardins encanto-me 
Não sei se o roseiral é branco ou amarelo 
Ou se nessa mistura encantada 
Esconde-se um amor singelo... 

Num lampejo do olhar cores dentro de mim 

Se você procurar no recanto da tua alma
Em te também vão florir canteiros
De rosas e amores perfeitos...

Ao sol nascer, borboletas coloridas
Pousam aqui e ali pintando alegria
Trazem frescor de margaridas
E esperança pra espalhar fantasia...

Assim é bem dentro n'alma.
Se nuvens quiserem te sombrear o dia,
Desenha teu jardim de poesia
Envolto em paz, ternura e calma

.......Ira Rodrigues & Tixa Falchetto, 23/08/2012

TU P’RA MIM (---- “ESCRITO A QUATRO MÃOS” ----)

És um longínquo fim-de-mundo de saudade
O mais lindo rosto de estrelícia da Madeira
Amiga acontecida, uma amiga companheira
Apesar de irmã escolhida, te sinto de verdade

Esta nossa completa empatia e forte amizade
É de uma beleza pura, intensa e verdadeira…
Que me dá vontade de conta-la á rua inteira
Ou quem sabe apregoá-la por toda esta cidade.

- Escolhi-te por irmão co’a mais pura afinidade
Pois te sinto, de minh’alma, irmã-primeira
Tens hoje comigo, em profunda liberdade,

Companhia para o riso, de folguedos a parceira.
Mas também, quando tiveres necessidade,
Terás sempre ao teu lado a irmãzinha brasileira.

             Joaquim António Godinho e Tixa Falchetto, 22/08/2012

                               

Teus olhos de mar

Ao mar bravio, lanço sonhares

Que me incorporam a alma, 

Transbordando-me de mares

Onde me inundo de calma. 

O mar, meu amor mais antigo, 

Vendo-me dele se afastar, 

Ao contrário de castigo, 

Emprestou-me teu olhar.

Sabe não ser minha vontade 

Distante dele permanecer. 

Daí esse gesto de bondade, 

Pra que não o possa esquecer.

E na imensidão do teu olhar, 

Onde a profundidade se faz, 

Nesses olhos carregados de mar, 

Vejo-me imersa em sua paz. 

No profundo dos teus olhos, 

Noite alta ou sol a pino, 

Inteira ou em retalhos, 

Deixei prender meu destino.

                 .....................Tixa, 21 de agosto de 2012.

Tornas-me fértil...

A mente borbulha, fervente Fazendo versos a esmo, Aprofundando mergulhos na mente,  Saltos ornamentais em mim mesma. Quanto mais versos leio,  Mais em meus sonhos vagueio... E todos levam-me aí Para esse paraíso de aconchego  Que encontrei dentro de ti,  Tu, que és meu doce xamego. Faço versos, rimo prosa,  Sonhos ponho no papel...  E a todos realizo, ditosa,  Ao lado do homem que é meu céu.  Problemas, todos os temos.  A vida não é rosa e lilás...  Mas a esses, quando nos vemos,  Suplantamos com nossa paz.  Estar ao teu lado é magia,  Que me transmuta em fortaleza. Felicidade me contagia,  Em altivez de princesa.  Pareço invencível, e o sou!  Enquanto ao teu lado estiver.  E a ti, minhas forças te dou,  Sem as perder... sou MULHER!! Mulher é bicho altaneiro,  Por maior que seja o sobressalto,  Nem tendo contra si mundo inteiro,  Não há o que a tire do salto.  Mas não é este o meu caso...  Não enfrento tempestade.  Vieste buscar-me, não por acaso,  Pra me trazer liberdade.  E minha liberdade, essa é tua! Te entrego com muita alegria.  Contigo brilha o sol, nasce a lua,  Sem sombras, como há muito não via.                                               .............Tixa, 14/08/2012

CARTAS DE AMOR

Ao amanhecer
Penso em ti
Sonho mais doce
que vivo e vivi...

Em meus olhos,
É o teu olhar
Que me clareia os passos,
Ao despertar...

Teu sorriso é meu zelo,
Teu zelo, meu encanto.
Pelo brilho dos meus olhos,
Encho minh'alma de canto.

E pra encantar teu viver,
Cubro meus dias de cor.
Contos e cartas escrevo,
Pra registrar este amor.

Trazes-me à alma,
Em tua companhia,
Doçura e calma,
Pura harmonia.

És refúgio de paz,
És torrente de paixão.
Teu terno cuidado traz
Em teu peito, meu coração.

Nas páginas da tua história,
Meu amor há muito escrevi.
E se me buscaste agora,
É que por certo, mereci!

E enquanto palavras houver,
Para plantar uma flor,
Hei-de semear teu viver
Com longas cartas de amor.

E vou cultivar a alegria
Que em nosso encontro pousou,
Qual borboleta em seu voo,
Neste Jardim de Poesia...

........... Tixa, 13/08/2012.

 

Ensinar

 
TeMA POLÊMICO, O ENSINAR
OnDE SE VÊ TANTAS DIFERENÇAS
O sUCESSO, TÃO DIFÍCIL DE ALCANÇAR
DiVIDE A HISTÓRIA DA DOCÊNCIA:
AnTES E DEPOIS. COMO AVALIAR,
CaNALIZANDO NOS ALUNOS COMPETÊNCIA.
PrOVAS, PROBLEMAS, FÓRMULAS, DECORAR...
ApAGAVAM-SE DA MENTE AS CIÊNCIAS.
 
CoNSTRUIR CIDADÃOS CAPAZES DE VENCER,
O rEAL OBJETIVO DE UM BOM PROFESSOR.
EtERNIZAR NO ALUNO A VONTADE DE APRENDER,
MiNISTRAR UMA AULA COM AMOR.
ExPOR QUE CONHECIMENTO É PRAZER
FaZENDO A CAPACIDADE SE EXPOR.
E fAZER O ESTUDANTE POR SI SÓ QUERER
GaLGAR DEGRAUS QUE ACRESCENTEM VALOR.
 
É lUTA ÁRDUA, HONROSA MISSÃO.
A cOMPETÊNCIA É A META FINAL.
ChAMAR O ALUNO A CRESCER COM PAIXÃO,
DeIXANDO AFLORAR SEU TALENTO REAL.
E tENTANDO, BUSCANDO, CRIAR SOLUÇÃO.
AtRAVÉS DO ENSINO, ALCANÇAR O IDEAL,
SoNHADO IDEAL DA PERFEITA EDUCAÇÃO!

                         (texto encomendado por uma amiga, em dezembro de 2006, para um trabalho de Faculdade... como não poderia assiná-lo... o jeito foi ocultar a autoria...)

ANISTIA

Expressar o amor,
parir pensamentos,
Namorar a cor,
borbulhar sentimentos
embalar a dor,
soltar sem receios
as rédeas do pensar
eliminar os arreios
que nos podem travar
despejar desejos
permitir-se divagar
cortar as amarras
que embotam nosso olhar...
que nos tolhem o cantar
nos impedem de voar.
lançar sonhos para o alto
só pra que possam voltar
e nos borrifar a alma
de ternura e paz
correr pés descalços
na grama orvalhada
sol nos olhos
vento nos cabelos
e num abraço redondo
por essa grama rolar
e colar nossos lábios
num antigo beijo sonhado
nunca dantes navegado...

                              ...........................Tixa Falchetto, 30/08/2009

Nostalgia?? (Uma imagem... mil sorrisos)

Saudades, não posso dizer que as tenho
Dos tempos em que era menina, 
Pois a vida que hoje me sorri
Ao lado do amor que escolhi,
É a vida que aquela pequenina
Ansiava, nos sonhos onde me embrenho

Mas o tempo tão depressa passou... 
Hoje não vejo mais aquela pureza
De quando andava nas linhas do bonde.
Este caminho que nos leva, (para onde??)
Já não tem mais a velha gentileza
Que, na infância, meu coração conquistou.

Hoje a vida nos atropela o sonhar
A pressa nos faz cegos ao prazer. 
Não nos sobra mais tempo à fantasia, 
E relembrar nos traz nostalgia.
Bom seria poder contigo viver, 
No ontem, este amor que me faz remoçar.

Com a doçura que ora me trouxeste
A fazer de minha vida novo encanto, 
Só queria uma bucólica aldeia, 
Que do nosso amor fosse cheia, 
Pois contigo, já não sei o que é pranto...
Meu viver, ao teu lado, é celeste!!


            ... Ao meu George, 09/08/2012.
                                              Tixa Falchetto

Bote, beijo, beija-flor

As vidas que vivia,

Por vezes maltratada,

Não me tiraram o sonhar.

E quando alegre parecia, 

É que sorria por tua chegada,

Confiando em te encontrar.

Encontrei-te

E me fiz beija-flor! 

Em teu bouquet de cores,

Me fiz deleite.

Qual bote na tormenta à deriva

Que insiste em navegar imune às dores, 

Alcancei felicidade rediviva:

Aportei no teu AMOR!

                   ........................Tixa, 31/07/2012

AMAR AO SOL

Ao nascer do sol te conheci

E meu peito encheu-se de ternura.

Não pude aproximar-me, por timidez.

Sem teus carinhos, adolesci, 

Cresci, 

Vivi.

Passei pela vida inebriando-me de doçura, 

Pois a vida, embora dura, 

Não logrou crestar minha tez, 

Nem o peito, por revolta, revestir de insensatez.

Apesar do viver sem ti, 

Sem teu doce cuidado, sobrevivi.

Incompleta, contrafeita, 

Insatisfeita.

Mas do meu sonho de viver delícia pura, 

Jamais desisti!

Passei pela vida sem amargura, 

Apesar dos percalços que sofri.

Hoje, já ao por do sol, te reencontrei.

E em meu peito, nova luz se põe a brilhar

É teu amor, que me viu no alvorecer, 

Vidas trilhou, 

Dores passou, 

Mas em teu sonho me guardou...

É ao teu lado, Doce Sonho, agora sei, 

Que com o sol me ponho...

E o lindo amor que ao sol nascer 

Vislumbrei, 

Guardei-o intacto, mais forte, 

Mais íntegro, sem cortes, 

E antes do anoitecer, 

Te entreguei.

                         ....................Tixa, 02/08/2012