quinta-feira, 3 de julho de 2014

Companheiros acompanham.

Não sonho com contos de fadas
Com happy end e só amor. 

Quero uma vida real,
Com direito a pés no chão,
Permitindo até alguma dor. 

Porque o que conta no amor,
São pés no chão e mão na mão.

Não quero viver nas nuvens,
Alienada numa redoma,
Aprisionada em outra mentira. 

Quero verdade aberta,
Olhos nos olhos,
Romance sem ilusões.

É tão fácil viver
Sem mascarar nosso eu,
Sem iludir e enganar... 

Por que se deixar prender
Em armadilhas ilusórias,
Por que querer iludir?? 

Por que prometer o céu,
Se ele não nos pertence?

Por que não oferecer uma verdade
Nua, crua, palpável? 

Amor, pra valer a pena,
Não precisa de ficção.
Precisa ser cúmplice,
Caminhar lado a lado
Na mesma direção.
Com objetivos comuns,
Amor no coração
E respeito ao ser humano.
Que não pertence, acrescenta!

Ninguém se apaixona
Por massinha de modelar. 
É a forma pronta
Que nos faz suspirar. 
Assim as pessoas
Já nos vêm feitas.

Construímos filhos.

Não companheiros.

Companheiros acompanham.  


               .........................Tixa Falchetto, em algum momento de 2009, antes de encontrar o Companheiro que me acompanha!



A uma menina que sofre, de outra que já sofreu...

Há um tempo em que nossos sonhos são tão importantes,
Que não realizá-los nos traz angústia e dor insuportáveis.
E por nos faltar maturidade, esse tempo é frustrante.
Mas esses fracassos nos transformam em pessoas maleáveis.

O segredo de passar quase 'incólumes' por essas dores,
É delas extrair lições e forças pra novos sonhos tecer.
Desistir de sonhar?? Nunca! Antes, repensar amores,
Se nesses amores almejamos mais ter do que ser.

Quem nesta esfera bailante não sofreu por amores vãos?
Quem não pensou que findo um amor, finda-se também a vida?
Mas quem, também, diante de novo enlaçar de mãos,
Não concluiu que o girar do mundo nos cura feridas?

O Tempo, curandeiro milagroso, além de as curar,
Incumbe-se também de abrir-nos olhos, corações e mentes.
E, bastando que se queira, vem o aprendizado no amar,
Vem a sabedoria que nos faz enfim concluir claramente 

Que amar é via de ida e volta, vida vivida sempre a dois
Ninguém é feliz se se ama a ponto de querer o outro possuir
E isso, só compreende quem observa o antes e o depois,
Quem analisa onde errou no agir, mas também no permitir.

Amor só nos faz bem quando vai de dentro pra fora,
Começando pelo bem que entendemos ter para então oferecer.
O aprendizado é lento, não há que lhe estranhar a demora
E para nos graduarmos, muito é preciso estudar e viver.

E sofrer...
E crescer...
Crescer para entender
Que antes de amar e querer,
A gente precisa se amar e se ver...

                                         ..........................Tixa Falchetto, 1º de julho de 2014


Sonho ou recado do inconsciente?

Temos uma tão grande ligação afetiva inexplicável que ontem à noite, estava eu em algum momento entre a consciência e o sono, quando vislumbrei o vulto dum rapazinho numa rua escura, com alguns dizeres escritos em sua camisola. Fiz um grande esforço para não dormir nem despertar, pois achei que tinha que ler o que lá estava escrito. Se despertasse, fugia-me a visão do rapazinho. Se dormisse, não leria o recado, ou, se lesse, dele não me lembraria pela manhã. Fiquei estática, olhando para dentro da penumbra, até enfim conseguir ler a mensagem. Podia, enfim, entregar-me aos braços de Morfeu, que já me puxavam, mas não sem antes repetir de mim para comigo o tal recado. Tinha que ser algo muito relevante, depois de tanto esforço para manter-me no limbo pelo qual passamos depois da consciência e antes do sono profundo. Certifiquei-me de que não esqueceria a ordem e desabei no abismo do breu total dos apagados pelo cansaço. Saí do "stand by" e entrei no "off".
Ao acordar, agora há pouco, a primeira coisa que fiz foi, ao abrir os olhos, esticar a mão para o telemóvel e pesquisar o que me mandou a camisola do garoto.
A princípio vi dois nomes completos mais um número... Não podia ser só isso... Não tinha sido por aqueles dois nomes o meu esforço para dominar o limbo sem sair dele!
Abri o link então, porque tinha que haver algo muito especial!! E esse algo muito especial és tu, Meu Mano Quim! Comecei a escrever, já ia ali pelo 'acordar agora há pouco' quando o bendito telefone apagou tudo!
Levantei-me, zangada pois já não mais seria o meu primeiro ato do dia, resolvi buscar um caderninho e um lápis para começar tudo outra vez, sem correr o risco de perder! Consegui, vim registrar tudo às pressas para então ir ao trabalho. Pus um ponto na tua linha do tempo, para saberes que estive aqui.
Valeu a pena o esforço, e saiu esta nota.
Ah!! O que estava escrito na camisola do garoto??
"Verificar os aniversariantes do dia."
Parabéns, meu mano querido!!
Isto não é pilhéria, não é imaginação criativa de poeta.
Aconteceu tudo assim mesmo.
Tenhas um lindo dia!!
Faz algo diferente!!
Dá um beijo estalado na moça que cuida de ti! (Ou belisca-lhe o traseiro...)
Mas faz algo para contar-me depois e rirmos os dois do meu quase sonho e do teu dia especial.
FELIZ ANIVERSÁRIO, Meu Querido Mano adQuirido Joaquim António Godinho!!  

                                        ................................. Tixa Falchetto, 27/06/2014

Memórias Juninas

Alguém pode, por favor, explicar pra minha cama que a possessividade exagerada acaba com qualquer relacionamento que se pretenda duradouro, perfeitinho e gostoso?
Já tentei falar isso pra ela algumas vezes, mas já se vão quatro longos, intermináveis dias em que ela não permite que eu dela me aparte pra ir ali trocar uma ideia com a rua! Fala sério, isso já é possessividade doentia!! 
Ainda agora estava conversando com o meu George e disse que quero uma festa junina, mas nem adianta me dizer onde tem, já sei que ela, irredutivel, me proibirá de sair... 
O jeito é contentar-me com as das memórias! 
Contei pro meu George: 
O bom de ter nascido em junho, além das flores do cipó de São João e das mexericas, presentes de Deus pra mim, é que todo ano eu ganhava uma festa junina. 
Mamãe fazia bolo, pizza (essa só até os meus 13 anos, depois disso ela se cansou e declarou estafada que nunca mais iria fazer massa de pizza, e nunca mais fez!), canjica, cachorro quente, cuscuz... 
E Papai... 
Ah, Papai fazia a melhor fogueira de pular de todos os arraiais!!! 
E os coleguinhas da rua, aqueles de todo dia, os que não iam embora antes do final da festa, ficavam pro melhor! 
Depois das comidas e bebidas, depois do pique, quando a noite já ia alta e a fogueira já estava baixa, o melhor de tudo era pular a fogueira! 
E a minha turma adorava essa parte!
Papau, Neném, Serginho Rossi, Zezé, Dito, Mazinho, meu amor de Mano Tó e eu... 
Depois que as comidas e bebidas não exerciam sobre nós a mesma atração do princípio, e a maioria dos convidados já tinha ido embora, vinha o grito de guerra: 
- Bora pular a fogueiraaaaaa!!!! 
E a gente começava a pular, pra ver quem dava o pulo mais perfeito! Tinha gente que pisava nas brasas, quase queimando o pé, tinha gente que caía de costas e levantava correndo com o resto da turma se pocando de rir, aquilo é que era diversão!!! 
Ah, que baita saudade dos meus aniversários juninos!!!! 
Como era maravilhoso morar na Praia da Costa na minha infância!! 
É, dona Cama, você pode ser chatinha, mas feliz de quem tem memórias juninas como as minhas!!! Nem a sua prepotência me tira a capacidade de ser feliz!!! 
Quem tem vida, boas lembranças e bons amigos, tem tudo!!!

                                .....................Tixa Falchetto, 22/06/2014


Como nasce um conto

Meu querido amigo Luciano me perguntou qual o meu processo de criação para escrever um conto. Nunca parei para analisar esse processo, vou tentar fazê-lo agora, de sopetão, como acontece toda vez que sinto a compulsão de ordenar palavras. É mais ou menos assim:

Ponto por ponto, como se fora um bordado antigo, esmerado, um conto vem se imiscuindo em minha mente e brotando no papel. Às vezes por uma palavra, uma cena, um tema sugerido, às vezes por uma memória que sai do fundinho do baú das boas lembranças e vem piscando, tremeluzindo, se fazendo notar e tomando conta de meus pensamentos...  

Escrever é terapia, é dar vazão aos sonhos que queremos viver.

E não é preciso muita coisa. Basta um momento de paz, desses que temos quando estamos sozinhos conosco, não importa onde. Já me ocorreram momentos assim em meio a multidões. Até dentro de um ônibus lotado, as ideias me atropelam e logo abro a bolsa à procura de uma caneta e um pedacinho amassado de papel para sobre ele despejar palavras que me aliviem a necessidade de esvaziar minhas sensações e me fazer ler.

Ruim é quando essas ondas de palavras me assolam em momentos em que não tenho como registrá-las. Gosto de eternizar o que me vem à mente, porque na maior parte das vezes são sentimentos gostosos que sinto necessidade de oferecer a quem amo.

Gosto de bordados... dos antigos, elaborados por mãos de fadas, como as da minha mãe... eram lindos, perfeitos!! Escolher palavras é como escolher as linhas de seda, as cores mais vivas, os desenhos mais singelos. Dispô-las sobre o papel é como dirigir uma agulha com uma linha vistosa sobre um tecido e formar belezas para partilhar.

Ou como escolher tintas e pincéis para pintar um quadro bem tocante e dá-lo ao mundo.

Uma pessoa que escreve, nunca escreve para si...


           ...................Tixa Falchetto, 26/05/2014



Minha Riqueza

Tenho uma riqueza incomparável.
Olhos pra ver o mar, braços e pernas pra nadar, 
Sentidos perfeitos pra ter o sol, 
Que me acende faíscas, 
Me faz sensual... 
Graça pra brigar com o vento, 
Quando me vem despentear, 
Me deixar moleca, livre, no ar! 
Teu braço pra me abraçar, 
Tua mão pra carícias me dar, 
E amanhãs, pra muitos presentes felizes repetir e sonhar!

.............Tixa Falchetto, 17/11/2013

sexta-feira, 25 de abril de 2014

APRENDI

Aprendi a aceitar o teu cuidado, 
Aprendi a contar com teu amparo, 
Aprendi a me apoiar no teu braço. 

Se sei que sou capaz de me manter,
Se só, sou capaz de me bastar, 
Melhor ainda foi ganhar o teu querer
E dos teus cuidados desfrutar. 

E poder acompanhar o teu passo, 
E descansar nesse teu colo raro, 
E ter sobre mim teu olhar tão amado!

Tudo isto regiamente aprendido,
O que me resta é só agradecer, 
Ter de Deus este presente merecido,
E em nome do nosso amor, viver!

  ..................... Tixa, 25/04/2014