quinta-feira, 3 de julho de 2014

Como nasce um conto

Meu querido amigo Luciano me perguntou qual o meu processo de criação para escrever um conto. Nunca parei para analisar esse processo, vou tentar fazê-lo agora, de sopetão, como acontece toda vez que sinto a compulsão de ordenar palavras. É mais ou menos assim:

Ponto por ponto, como se fora um bordado antigo, esmerado, um conto vem se imiscuindo em minha mente e brotando no papel. Às vezes por uma palavra, uma cena, um tema sugerido, às vezes por uma memória que sai do fundinho do baú das boas lembranças e vem piscando, tremeluzindo, se fazendo notar e tomando conta de meus pensamentos...  

Escrever é terapia, é dar vazão aos sonhos que queremos viver.

E não é preciso muita coisa. Basta um momento de paz, desses que temos quando estamos sozinhos conosco, não importa onde. Já me ocorreram momentos assim em meio a multidões. Até dentro de um ônibus lotado, as ideias me atropelam e logo abro a bolsa à procura de uma caneta e um pedacinho amassado de papel para sobre ele despejar palavras que me aliviem a necessidade de esvaziar minhas sensações e me fazer ler.

Ruim é quando essas ondas de palavras me assolam em momentos em que não tenho como registrá-las. Gosto de eternizar o que me vem à mente, porque na maior parte das vezes são sentimentos gostosos que sinto necessidade de oferecer a quem amo.

Gosto de bordados... dos antigos, elaborados por mãos de fadas, como as da minha mãe... eram lindos, perfeitos!! Escolher palavras é como escolher as linhas de seda, as cores mais vivas, os desenhos mais singelos. Dispô-las sobre o papel é como dirigir uma agulha com uma linha vistosa sobre um tecido e formar belezas para partilhar.

Ou como escolher tintas e pincéis para pintar um quadro bem tocante e dá-lo ao mundo.

Uma pessoa que escreve, nunca escreve para si...


           ...................Tixa Falchetto, 26/05/2014



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